PROJEÇÕES BROADCAST: MEDIANA PARA SELIC NO FIM DE 2024 SOBE MAIS UMA VEZ, DE 10% PARA 10,25%

Por Marianna Gualter, Daniel Tozzi Mendes e Gabriela Jucá

São Paulo, 23/05/2024

Selic em resumo

– A mediana do mercado financeiro para a taxa Selic no fim de 2024 subiu mais uma vez, desta vez para 10,25%, ante 10% em pesquisa realizada no dia 14. A mediana para 2025, por outro lado, permaneceu em 9%.

– Entre 34 casas consultadas, 23 preveem um novo corte de 0,25 ponto da Selic em junho. Outras 11, porém, já esperam que o comitê opte pela estabilidade da taxa, em 10,50%.



– Após iniciar o ano em 9%, a mediana para Selic no fim de 2024 subiu para 9,25% em meados de março. O aumento ocorreu após surpresas para cima na inflação de serviços e mudança do forward guidance do Comitê de Política Monetária (Copom) – que retirou o plural da sinalização à frente, mas manteve a indicação de manutenção do ritmo de cortes, na época de 0,50 ponto porcentual.

– A mediana voltou a subir no dia 18 de abril, para 9,50%, depois de declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, colocarem o guidance em cheque. As falas ocorreram em um momento de deterioração da situação fiscal doméstica – com a mudança das metas de resultado primário – e do cenário externo – diante da percepção de que o Federal Reserve (Fed) demoraria mais para cortar os juros nos Estados Unidos, o que gerou pressão sobre o câmbio.

– O aumento da mediana ganhou novo fôlego após a reunião de maio do Copom, encerrada no último dia 8, e atingiu 10% no último dia 14. Na comunicação do encontro, que foi marcado por divisão dos membros na votação, o comitê frisou a necessidade de cautela na condução da política monetária, diante das conjunturas local e internacional incertas. Não houve sinalização do plano de voo.

Selic em análise

Os cenários com taxa Selic em dois dígitos no fim de 2024 se alastraram pelo mercado nas duas últimas semanas e, agora, são maioria. O movimento refletiu a deterioração das expectativas de inflação, registrada pelo boletim Focus, e declarações mais duras proferidas por membros do Comitê de Política Monetária (Copom) – incluindo a entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao Broadcast/Estadão, e falas do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, em evento com investidores

“O que nós observamos foi uma série de manifestações verbais dos membros do Banco Central bem mais hawkish do que estávamos antecipando”, afirma o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier. “Se o BC for entregar o que está sugerindo, a tendência é pausar o ciclo no nível atual.”

Xavier elevou a projeção de Selic em 9,75% no fim do atual ciclo de cortes para 10,50%. Ele avalia que ao declarar em entrevista que não poderia adiantar novos cortes, Campos Neto sugeriu que está propenso a votar por uma Selic estável em junho.

Outro vetor que corrobora a mudança na estimativa, acrescenta, foi a piora das expectativas de inflação no Focus. Na edição de segunda-feira, 20, a mediana do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu a 3,80%, ante 3,73% há um mês, e a de 2025 alcançou 3,74%, ante 3,60% – em ambos os casos, as estimativas estão acima do centro da meta de inflação, de 3,0%.

O ajuste de Xavier no cenário é similar em magnitude ao realizado pela ASA Investments, que também espera agora que o comitê opte pela estabilidade da Selic, em 10,50%, em junho. O aumento das expectativas de inflação de longo prazo foi determinante para a alteração, afirma o economista Leonardo Costa.

O economista salienta que a divisão na decisão de maio do Copom também reforçou a possibilidade de maior leniência do colegiado com a inflação a partir do ano que vem, o que corrobora o aumento das expectativas de longo prazo.

Costa reconhece que Galípolo – um dos principais cotados para assumir a presidência do BC em 2025 – tem sido um pouco mais duro em declarações recentes, mas diz que ainda há dúvidas no mercado se esse discurso irá se materializar em ações.

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, também revisou a projeção para Selic no fim de 2024, mas de 9,75% para 10,25%. Ele atribui o aumento da taxa terminal à desancoragem das expectativas de inflação e à incerteza na dinâmica fiscal doméstica. Kautz pondera, no entanto, que uma pequena melhora no cenário internacional – com desaceleração da atividade e da inflação nos Estados Unidos – abre espaço para mais um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic.

O Santander Brasil também elevou a projeção para a Selic no fim de 2024 recentemente, mas manteve a taxa em um dígito. A estimativa passou de 9,0% para 9,75%. O cenário do banco, porém, tem uma peculiaridade.

O Santander avalia que o Copom deve realizar um novo corte de 0,25 ponto em junho, levando a Selic a 10,25%, e realizar uma pausa na sequência, mas somente até novembro. “[É] quando consideramos o começo dos cortes pelo Fed. Isso abriria espaço para mais dois cortes de 0,25 ponto em 2024”, escreve, em relatório.

A continuidade do ciclo de flexibilização, pondera, depende muito das expectativas de inflação não piorarem muito mais à frente. Portanto, diz, há riscos altistas para a estimativa.


 Taxa Selic 

 Instituições 

 Copom de junho (%) 

 Copom de julho (%) 

 Copom de setembro (%) 

 Selic no fim de 2024 (%) 

 Selic no fim de 2025 (%) 

4Intelligence

10,25

10,25

10,25

10,25

7,50

Análise Econômica

10,25

10,00

9,75

9,75

8,75

Austin Rating

10,25

10,25

10,25

10,25

9,00

Banco Bmg

10,25

10,25

10,25

10,25

9,00

Banco BRP

10,25

10,00

9,75

9,75

8,50

Banco MUFG Brasil

10,25

10,00

10,00

10,00

9,00

BlueLine Asset

10,25

10,25

10,25

10,25

10,25

BNP Paribas

10,25

10,00

10,00

10,00

10,00

C6 Bank

10,25

10,25

10,25

10,25

9,00

Caixa Asset

10,25

10,25

10,25

10,25

9,75

EQI Asset

10,25

10,25

10,25

10,25

9,75

G5 Partners

10,25

10,25

10,25

9,75

9,00

Gap Asset

10,25

10,00

10,00

10,00

9,00

Itaú Unibanco

10,25

10,25

10,25

10,25

10,25

LCA Consultores

10,25

10,25

10,25

10,25

9,00

Petros

10,25

10,25

10,25

10,25

9,00

Porto Asset Management

10,25

10,25

10,25

10,25

10,25

Rabobank

10,25

10,25

10,25

10,25

9,50

Santander Asset

10,25

10,25

10,25

10,25

9,50

Santander Brasil

10,25

10,25

10,25

9,75

9,00

Sicredi

10,25

10,00

9,75

9,75

8,75

Sicredi Asset

10,25

10,00

9,75

9,50

9,00

XP Investimentos

10,25

10,00

10,00

10,00

10,00

ASA Investments

10,50

10,50

10,50

10,50

9,50

Banco ABC Brasil

10,50

10,50

10,50

10,50

9,00

Banco BRB

10,50

10,50

10,50

10,00

9,00

CM Capital

10,50

10,50

10,50

10,00

9,25

Constância Investimentos

10,50

10,50

10,50

10,00

GO Associados

10,50

10,50

10,50

10,50

9,50

JPMorgan

10,50

10,50

10,50

10,50

10,50

MCM Consultores

10,50

10,50

10,50

10,50

9,50

Pezco

10,50

10,50

10,50

10,50

9,00

PicPay

10,50

10,50

10,50

10,50

9,75

Quantitas

10,50

10,50

10,50

10,50

9,50

Fonte: Projeções Broadcast
*Estimativas coletadas até 12h de 23/05

Contato: marianna.gualter@estadao.comdaniel.mendes@estadao.com e gabriela.silva@estadao.com

 

Fonte: Agência Estado-Broadcast+

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